quinta-feira, 11 de outubro de 2007

SEXO SEGURO


Os métodos contraceptivos possuem hoje uma função a-bsolutamente vital. Para muitos jovens casais em ascensão profissional, a contracepção possibilita o adiar da gravidez. Enquanto para outros o que está em causa não é uma questão de planeamento do momento ideal para ter filhos mas antes a opção determinada por não ter descendência.

Certamente, não menos importante é a utilização dos contraceptivos como forma de evitar Doenças Transmitidas Sexual-mente (DTS). Entre elas a contaminação pelo HIV/SIDA, pela Hepatite B ou pelo Papiloma vírus Humano (HPV). Este último directamente associado ao cancro do colo do útero; o segundo mais mortal entre as mulheres europeias.

A associação do preservativo à contracepção hormonal oral em casais jovens, ou com relações afectivas pouco estáveis, é sem dúvida a estratégia mais segura para evitar a gravidez indesejada e as DTS. Mas outros factores têm de ser levados em linha de conta na hora de optar, tais como a idade, a história clínica, o estilo de vida, e o prazer durante a relação sexual, que o médico assistente ou uma consulta de planeamento familiar podem ajudar a esclarecer.

Neste “guia” incluímos os métodos contraceptivos reversíveis, isto é, que permitem a gravidez após a suspensão dos mesmos. Excluímos os métodos naturais de abstinência periódica, que implicam a ausência de relações sexuais no período fértil da mu-lher (através do calendário, temperatura basal e muco cervical), e o coito interrompido, pela sua reduzida eficácia e fiabilidade contraceptiva. Também deixámos de fora a laqueação das trompas de Falópio nas mulheres e a vasectomia nos homens, métodos contraceptivos cirúrgicos irreversíveis.


Métodos Hormonais
Pílula – Contraceptivo Oral
O que é – A Combinada contém estrogénios e progestagénios; a Progestativa só contém progestagénios.
Eficácia Combinada – 0,1 a 1 gravidez (*)
Progestativa – 0,5 a 1,5 gravidez (*)

Vantagens
Podem ser utilizadas pela generalidade das mulheres, da adolescência à menopausa
Regulariza os ciclos; melhora a tensão e as dores menstruais
Diminui o risco de cancro nos ovários, endométrio e colorrectal
Previne a gravidez ectópica, a endometriose e a doença inflamatória pélvica (DIP)

Desvantagens
Exige a toma diária
Não protege contra as DTS
Aumento do risco de cancro da mama (no caso das altas dosagens e em mulheres na pré-menopausa que nunca amamentaram)
O efeito na fertilidade pode manter-se algum tempo após a suspensão do método
São contra-indicadas nos casos de AVC, doença arterial ou hepática crónica e mulheres fumadoras (sobretudo depois dos 35 anos)
Possíveis alterações do fluxo menstrual, alterações de peso e da libido sexual, e depressão


Contraceptivo Injectável
O que é – Injecção intramuscular (de progesterona), na nádega ou braço, até ao 7.º dia do ciclo, repetida de 12 em 12 semanas.
Eficácia – 0 a 1,3 gravidez (*)

Vantagens
Dispensa a toma diária
Não tem os efeitos secundários dos estrogénios
Pode ser usada durante o aleitamento
Diminui o risco de DIP, gravidez ectópica e cancro do endométrio

Desvantagens
Não protege contra as DTS
Irregularidades no ciclo menstrual
Possível atraso de alguns meses no retorno à fertilidade
Possível aumento do apetite, cefaleia, acne e diminuição da libido sexual
Contra-indicados nos casos de hipertensão grave, diabetes, antecedentes de acidente cardiovascular e doença hepatica


Implante subcutâneo
O que é – Cápsula com 4 cm de comprimento e 2 mm de espessura (que contém progesterona), inserida por via subcutânea, no antebraço, até ao 5.º dia do ciclo. O efeito contraceptivo prolonga-se por três anos.
Eficácia – 0 a 0,07 gravidez (*)


Vantagens
Efeito de longa duração
Pode ser usado pelas mulheres que não podem tomar estrogénios e fumadoras com mais de 35 anos
Rápido retorno da fertilidade, após remoção

Desvantagens
Não protege contra as DTS
É necessário um médico, na colocação e na remoção, o que aumenta os custos
Irregularidades do ciclo menstrual
Possível aumento de peso e cefaleias
São contra-indicados nos casos de diabetes, acidente cardiovascular e doença hepática crónica


Penso transdérmico
O que é – Adesivo cutâneo.
É aplicado um por semana, durante 3 semanas, às quais se seguem 7 dias de descanso.
O primeiro é colocado no 1.º dia do ciclo.
Eficácia – 0,9 gravidez (*)

Vantagens
Colocado semanalmente
Se a mudança for esquecida, mantém a eficácia por 48 horas

Desvantagens
A eficácia diminui em mulheres com peso superior a 90 kg
Pequenas perdas menstruais nos primeiros meses
Possível reacção cutânea, pelo que é recomendável a alternância do local de adesão


Anel Vaginal
O que é – Anel flexível com 54 mm de diâmetro e 4 mm de espessura, quase incolor, de colocação vaginal, que vai libertando hormonas inibidoras da ovulação. Colocado no 1.º dia do ciclo e aí permanece 3 semanas , seguindo-se uma semana de pausa.
Eficácia – 0,9 gravidez (*)

Vantagens
É colocado mensalmente

Desvantagens
Possível desconforto no acto sexual


Método Barreira/Hormonal
Dispositivo Intra-Uterino (DIU)
O que é – Existem dois tipos: os revestidos a cobre (ou cobre e prata), que permanecem no útero entre 5 e 10 anos; ou com polietileno, que libertam progesterona (hormonais) e são substituídos todos os anos.
Eficácia – 0,1 a 2 gravidezes (*)

Vantagens
Efeito de longa duração
Casos em que os métodos hormonais estão contra-indicados e fumadoras com mais de 35 anos
Não interfere no acto sexual, nem na amamentação
Rápido retorno à fertilidade

Desvantagens
Não protege contra as DTS
Exige vigilância médica após colocação
Possível dor pélvica durante alguns dias (dor intensa deve levar à extracção), menstruações mais abundantes, ou expulsão, sobretudo nos 3 primeiros meses, em mulheres jovens que ainda não tiveram filhos
É contra-indicado em certas patologias no colo do útero ou na vagina em doentes com HIV ou com alergia ao cobre


Métodos Barreira
Preservativo Masculino
O que é – Feito de látex e envolto em lubrificante. Devem ser utilizados uma única vez. A eficácia aumenta quando conjugados com o uso de um espermicida.
Eficácia – 5 a 10 gravidezes (*)

Vantagens
É o único método que protege contra as DTS

Desvantagens
Pode reduzir a sensibilidade
Se não for usado correctamente, pode rasgar durante o coito


Espermicidas
O que é – Disponíveis em cremes, espumas, esponjas, cones, supositórios ou comprimidos vaginais, constituem uma barreira física que neutraliza os espermatozóides.São introduzidos em profundidade na vagina, cerca de 60 minutos antes da relação sexual (com aplicação adicional, sempre que ocorra nova relação).
Eficácia – 10 a 30 gravidezes (*)

Vantagens
Fácil utilização; não necessita de supervisão clínica
Pode aumentar a lubrificação vaginal (cremes e cones)
Alguma protecção contra as DTS

Desvantagens
Possível reacção alérgica
Elevada taxa de falha, quando utilizados isoladamente (mais aconselhados em situações de reduzida fertilidade, como no período que antecede a menopausa)


Diafragma
O que é – Semi-esfera com um aro flexível. Deve ser introduzido, uma primeira vez, em consultório e conservado nas primeiras 8 horas após a relação sexual (nunca mais de 24 horas, pelo risco de infecções). Após a utilização, deve ser lavado e seco. Aconselhada a utilização simultânea de um espermicida.
Eficácia – 15 gravidezes (*)

Vantagens
Diminui o risco de DIP
Não tem efeitos colaterais e não interfere no acto sexual

Desvantagens
Taxa de falha elevada, se utilizado isoladamente
Dificuldade na utilização
Contra-indicado no caso da existência de fístulas ou lacerações vaginais, e alergia à borracha ou ao espermicida


Pílula do Dia Seguinte
(Contracepção de emergência)
O que é – Comprimido de venda livre nas farmácias, composto de levonorgestrel, que impede a ovulação. Não é considerada abortiva e é utilizada para prevenir a gravidez após um acto sexual desprotegido ou inadequadamente protegido. A toma deve ocorrer nas primeiras 12 horas após a relação sexual e nunca depois das 72 horas. É aconselhável utilizar outro método nas relações sexuais posteriores, até ao aparecimento da menstruação.
Eficácia – Até 93% de gravidezes evitadas

Desvantagens
Não protege do risco de DTS
Possíveis náuseas ou alterações na menstruação seguinte


Preservativo Feminino
O que é – Um tubo de borracha fina, com um anel em cada extremidade. Um destes anéis é fechado, de modo a tapar o colo do útero, como se fosse um diafragma. O outro deve permanecer de fora, ajustado em volta da vagina e da vulva. Pode ser inserido até 8 horas antes do coito.
É utilizado uma única vez.
Eficácia – 10 gravidezes (*)

Vantagens
Diminui o risco de DTS
É mais resistente do que o preservativo masculino
Permite o controlo por parte da mulher

Desvantagens
Diminui a sensibilidade vaginal
Possível dificuldade inicial na inserção
Mais caro e mais difícil de encontrar que o masculino (método não disponível em Portugal)

(*) Em 100 mulheres/ano